Não sei se “há” o melhor roteiro para a formatura. Imagino que ele tenha de ser o menos cansativo possível, como deveria ser qualquer solenidade.
O ideal é ter várias cópias de roteiro, cada uma visando a um profissional diferente. Por exemplo: a cópia do grupo musical ou do operador de vídeo não precisa ter tudo detalhado. Bastam a sequência de itens e o lugar em que haverá música e inserção de vídeo. Uma cópia assim também pode ser usada pelo presidente da sessão. Já os coordenadores do evento e auxiliares do mestre de cerimônias devem ter tudo detalhado. Isso ajuda a perceber quando há salto no cerimonial.
Abaixo, enumero os principais itens de um roteiro de colação de grau para ao mestre de cerimônias e aproveito para tecer alguns comentários.
Na primeira folha deve constar o nome do evento. Assim:
SOLENIDADE DE COLAÇÃO DE GRAU
DOS FORMANDOS DE 2012
DOS CURSOS DE
ADMINISTRAÇÃO
CIÊNCIAS CONTÁBEIS
CIÊNCIAS ECONÔMICAS
DA FACULDADE …………………………………………
DA UNIVERSIDADE …………………………………………………….
Quem preparar o roteiro deve estar atento para o nome correto dos cursos, da faculdade e da universidade. Lembre-se: há “faculdade”, “universidade” e “centro universitário”. As letras a serem utilizadas devem ser corpo (tamanho) 14, pelo menos, e em CAIXA ALTA. A cópia do MC dever ser original e bem impressa na cor preta.
As informações acima servirão de base para a abertura do evento pelo MC.
A partir da segunda folha, distribuem-se os itens da solenidade, enumerando-se:
1 — COMPOSIÇÃO DA MESA
- PROFESSOR DR. (MESTRE) FULANO DE TAL
MAGNÍFICO REITOR DA UNIVERSIDADE ………..
- PROFESSOR DR. (MS) BELTRANO DA SILVA
DIRETOR DA FACULDADE DE …………………………….
- PROFESSOR DR. (MS) SICRANO DE OLIVEIRA
COORDENADOR DO CURSO DE ………………………….
- PROFESSOR DR. (MS) JOSÉ FERREIRA
PATRONO DA TURMA
- PROFESSOR DR. (MS) ANTÔNIO FELISBINO
PARANINFO DA TURMA
- PROFESSOR DR. (MS) MANOEL PORTUGUÊS
HOMENAGEADO
- SR. HERMENEGILDO DA MANUTENÇÃO CERTA
FUNCIONÁRIO HOMENAGEADO
A mesa acima está em ordem hierárquica. Note que as informações estão cada uma em uma linha. Isso ajuda na leitura do MC. O número de componentes é ímpar, o que é mais adequado. Claro que nem sempre é assim. Às vezes, não se tem o reitor presente. No caso de formatura de faculdade ou colégio, quem presidente é o diretor ou seu representante. O importante é seguir a ordem hierárquica. Apenas o reitor deve ser chamado de Magnífico. Os demais, incluindo vice-reitor, podem ser chamados de digníssimos.
O posicionamento à mesa (note, não é NA mesa; não sentamos NA mesa, sentamos na cadeira!) deve obedecer a hierarquia. Há uma convenção de que à direita do presidente (olhando-se da mesa para o auditório) ficam o patrono e os paraninfos, por serem eles os “mais importantes” para os formandos. Então, à esquerda ficam diretores, coordenadores e professores homenageados. Note bem, essa distribuição tem de levar em conta a quantidade de pessoas. Às vezes, será preciso mudar, prevalecendo o bom senso. Os professores homenageados preenchem os lugares tanto à esquerda como à direita. Funcionários homenageados e representantes de conselhos sentam-se também à direita do presidente, nas cadeiras do final da mesa.
2 — ENTRADA DOS FORMANDOS
Cabe ao mestre de cerimônias anunciar a entrada dos formandos. A organização do evento deve cuidar para que esse momento seja o mais curto possível. Se possível, formar duas filas. As fotos não devem atrasar essa entrada. A música para esse momento deve casar com o espírito do evento.
3 — MENSAGEM RELIGIOSA/HOMENAGEM PÓSTUMA (Opcional)
Em colação de grau de formandos de cursos como medicina e direito, é muito comum o culto ecumênico no mesmo evento da colação de grau. Hoje isso é menos usual, mas algumas faculdades mantêm o costume. Nesse caso, a convite dos formandos, tem-se um desfile de mensagens proferidas por pastor, padre, representante espírita, rabino, budista e outros religiosos. Além de se tomar muito tempo do evento, nem sempre esses oradores falam bem, o que acaba por enfear a celebração.
Há duas alternativas aqui: ou se deixa por conta do MC a leitura de um texto ecumênico ou se dá essa tarefa a um formando. Se opção for o formando, a escolha tem de ser a dedo, pois ele pode aproveitar para puxar para determinada seita ou denominação, não agradando a todos.
Já vi casos em que esse item ficou após a abertura oficial da solenidade. O melhor lugar é aqui. A hierarquia é Deus, Pátria e família. Ou seja, primeiro devemos buscar Deus, depois homenageamos a pátria e, na sequência, ficamos com a família e a sociedade.
A homenagem póstuma também deve ser colocada aqui, junto com o culto/mensagem religiosa. Se é para se jogar um balde de água fria no público, falando de alunos e professores que faleceram, que isso seja feito no início. Em qualquer outro lugar, causará mal-estar.
4 — MÚSICA (Opcional)
Complementando a mensagem religiosa, pode-se ter uma música. O problema está na escolha dessa canção. Ela tem de ser a mais ecumênica possível. Se for Ave Maria, de Charles Gonoud, uma peça lindíssima, diga-se de passagem, atenderá apenas os católicos; se for Faz um milagre em mim, de Regis Danese, deixará os evangélicos felizes, embora, por tocar em emissoras de rádio seculares, essa acabou se tornando um hit cantado por seguidores de todas as religiões. Escolheria uma música que falasse de Deus. Se tu quiseres crer, do filme Moisés, o príncipe do Egito é uma opção. Sei que a versão em português é mais para evangélicos do que para católicos, mas ela atende bem o momento. Outra, muito antiga, que valeria a pena ser tirada do baú, é Creio em ti.
Vale a pena ressaltar que o vocalista não tem de falar nada nesse e em nenhum outro momento da solenidade. Basta apenas cantar e receber os aplausos em silêncio. Tudo que precisava ser dito já foi dito pelo MC ou por quem leu o texto!
Leia mais sobre isso em meu post Repertório de músicas para colação
5 — ABERTURA OFICIAL
O MC passa a palavra para o presidente da sessão abrir oficialmente a solenidade. Se possível, no roteiro devem constar o nome e a função, tal como estão na composição da mesa.
6 — HINO NACIONAL
O presidente da sessão pode solicitar a todos “que se coloquem em pé para entoar o Hino nacional brasileiro”. Se ele não o fizer, o MC assume a direção a anuncia a execução do hino.
Em estabelecimentos de ensino binacionais, canta-se primeiro o hino estrangeiro
Para os discursos, a hierarquia é inversa à usada na composição da mesa. Aqui a ordem é crescente, ou seja, do menos importante para o mais importante.
Em casos de mais de um curso, o ideal é um orador representar todos os cursos. Ele deve lembrar que fala EM NOME DA TURMA. Nesse caso, seria muito bom se ouvisse o que os colegas gostariam de dizer. Isso mesmo, para se falar em nome de alguém, tem de se saber o que esse alguém quer que seja dito! Afinal, o orador é o porta-voz dos formandos.
Cuidado! Não é nada interessante a plateia ficar ouvindo histórias, citações de características de professores e até algumas piadas que só os formandos entendem. O orador não pode ocupar o tempo falando de sua própria vida e citando parentes. Isso só deve ser feito se for relevante para o contexto. Em última análise, se quiser citar experiência pessoal, é preciso pedir licença. Repetindo: o orador fala EM NOME dos colegas; ela não fala PARA os colegas.
Infelizmente, já ouvi formando usar palavras chulas em discursos. Isso, em hipótese alguma, deve acontecer! O discurso de formatura é tão sério que merece passar por uma boa revisão, tanto de conteúdo como de português e até de pronúncia. Mais de uma vez ouvi orador falar “Frêude” para se referir a Freud. São incontáveis as vezes em que se disse “houveram” muitos problemas… Orador de curso universitário não pode cometer esses pequenos deslizes.
Discurso de orador de turma é para ser lido. Não há problema algum em se ler. Pelo contrário, isso mostra que ele se preparou, pesquisou, ouviu os colegas e o resultado está ali.
Paro por aqui. Na próxima semana, prossigo com o assunto. Enquanto aguardam os próximos itens desse roteiro, ouçam uma boa música.
Amorim Leite
muito bom me serviu muito