Que tal cantar Luiz Gonzaga em formaturas?

Mandacaru, quando flora no sertão...

“Mandacaru, quando flora no sertão…”

Hoje, dia 13 de dezembro de 2012, comemoram-se cem anos de nascimento de Gonzagão, o Rei da Baião. Esse sanfoneiro me foi “apresentado” por minha mãe ainda quando eu era criança. Aos poucos, fui alimentando minhas informações sobre esse que se tornou um dos nordestinos mais conhecidos do Brasil.

Minha mãe, Maria Amorim, que morreu em fevereiro de 2011, nasceu na Bahia, como também eu e meus quatro irmãos. Quando ela nos trouxe de lá, em 1958, eu tinha três anos de idade. Era o caçula da família. Dona Mercês, como era conhecida, veio para São Paulo para se tratar da doença que não perdoava ninguém na época, a tuberculose. Viúva (meu pai morreu quando eu tinha quarenta dias), chegou por aqui com uma mão na frente outra atrás, como se diz…

Bem, voltemos a Luiz Gonzaga… O fato é que cresci ouvindo coisas do Nordeste, do sofrimento desse povo, principalmente da região de Juazeiro, cidade vizinha a Casa Nova, onde nascemos. Gostava de ouvir minha mãe cantarolar Asa Branca, Muié rendeira, Cintura fina e outras canções de Gonzagão enquanto fazia alguma coisa em casa. Certo dia, na escola, fiquei todo feliz quando li em um dos livros didáticos a palavra “caatinga” — isso sempre era dito lá em casa. Mandacaru, açude, cangaceiro, seca, sertão, bode, jumento, sanfona, Lampião, Petrolina, Juazeiro, vapor, vaqueiro, rio São Francisco, Casa Nova e, claro, Luiz Gonzaga, eram, entre tantos nomes diferentes, o que costuma ouvir.

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“Quando olhei a terra ardendo…”: caatinga, ao fundo, e açude; esse é o sertão nordestino

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Pé de juazeiro

 

 

 

 

 

 

 

Ainda adolescente acabei pegando gosto pelas músicas de Gonzagão. Mais pela afinidade de suas músicas do que por entender o que ele cantava. Já adulto, casado, comecei a alimentar em mim a vontade de conhecer o sertão baiano e ir até Casa Nova, nossa cidade natal, pois ali nunca tinha voltado desde nossa partida. Fiz isso em 2008. Acompanharam-me Anaí, minha mulher, e Pedro, meu neto, que na época tinha apenas cinco anos

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Casa Nova (BA): nasci aqui… Hoje, só ruínas…

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“Vai, boiadeiro, que noite já vem.. Pega o teu gado e vai pra junto do teu bem…”

Foi emocionante. A casa em que nasci e meu pai morreu já não existe mais. Consegui fotografar parte do “alicerce”. Até trouxe uma pedrinha de lá como lembrança. Pelo caminho, guiado por um parente distante de minha mãe, vi de perto um açude, visitei a casa de uma capataz de uma fazenda — não havia luz elétrica e o fogão era a lenha. Meu neto pediu água. A esposa do capataz despejou de uma vasilha num copo uma água escura, barrenta, mesmo “filtrada” por um pano… Pedro deu um gole bem leve e disse estar satisfeito. A filha do casal, da mesma idade de Pedro, tomou um copo inteiro…

Esse é um dos pedaços do Brasil que poucos conhecem. Não seria bonito mostrar isso em uma colação de grau? Os profissionais, principalmente de grandes cidades como São Paulo, precisam saber que há mais de um Brasil precisando do trabalho deles.

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Um açude: água para tudo… comida, animais, banho, beber… Quando será a próxima chuva?

Luiz Gonzaga é apenas um exemplo entre tantos temas especiais que se podem focar. Com um bom texto amarrando as músicas, pode-se fazer do evento algo marcante e emocionante. Só cantar as músicas sem contextualizá-las, pode-se criar um clima brega ao evento. Se não gostar de Gonzagão, tente trilhas de filmes famosos, Beatles, Milton Nascimento, Chico Buarque, etc. Todos eles dão uma boa história. Nem tão bonita como a de Luiz Gonzaga…

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Fogão a lenha em pleno século 21!

Ponte sobre o rio São Francisco: ela liga Juazeiro (BA) a Petrolina (PE)

Ponte sobre o rio São Francisco, o Velho Chico: ligação entre Juazeiro (BA) e Petrolina (PE)

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