Esta é a definição do Aurélio para “ovo de Colombo”: coisa fácil de realizar, mas na qual não se pensou antes de a ver posta em prática por outrem. Assim são as colações de grau oficiais.
Chamam-se de oficiais as colações organizadas pelas próprias instituições de ensino. Elas sempre existiram. Porém, eram simples, sem glamour, sem convidados para assistir a elas. Delas só participam os formandos aprovados e sem pendências acadêmicas.
Há cerca de dez anos, uma empresa resolveu sugerir a uma grande universidade o ovo de Colombo. Ou seja, pediu para organizar os eventos oficiais e dar a eles cara de festividade em troca de se poder fotografá-los. Na sequência, outras seguiram na mesma linha e o que se têm hoje são solenidades muito bonitas com direito a decoração, grupos musicais e formandos colando grau em alto estilo.
Claro que nem todas as empresas têm a mesma qualidade. De todo modo, o que quero frisar aqui é que essa modalidade de trabalho não tem volta, o ovo de Colombo está aí para todo mundo ver.
Voltemos um pouco ao passado para se entender melhor o mercado de formaturas. Até os anos 1990, os formandos faziam suas contratações diretamente com os fornecedores, sem a intermediação das empresas. A partir dessa década, empresas como a Spínola Formaturas passaram a oferecer o que chamavam de “planos” – produtos e serviços num só pacote. Quem assinava os contratos com as empresas eram as comissões de formatura. Portanto, cabia a elas arrecadar os valores para a aquisição de convites, canudos, fotos, churrascos de confraternização, bota-foras, colação de grau, jantares, baile, etc. Já na década seguinte, as comissões se responsabilizavam pela organização, mas os contratos passaram a ser individuais. Ou seja, cada formando assinava o seu junto à empresa. E isso se dá ainda nos dias de hoje. Porém, reclamam as companhias, o índice de inadimplência é muito alto.
E as colações oficiais não geram inadimplência? Sim, e, além disso, nem todos compram os álbuns de fotos, já que é disso que essas empresas sobrevivem. Porém, sabendo trabalhar, dizem os empresários, a perda é bem menor.
Outros ovos de Colombo ainda precisam ser “botados”. Um deles é levar instituições públicas como a Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, a aceitar esse tipo de parceria. Isso será possível um dia?
Amorim Leite