Em dezembro, abre-se oficialmente a temporada de for-maturas 2011-2012. Como será essa temporada no quesito criatividade? Repetiremos as mesmas decorações de anos anteriores, cantaremos as mesmas músicas, lere-mos as mesmas mensagens ou seremos ousados e apre-sentaremos coisas novas?
Veja a seguir como este texto de Daniel Carvalho Luz, autor do livro Insight, nos desafia a ousar.
“Havia uma terra onde todos os habitantes, durante muitos anos, tinham-se acostumado a utilizar muletas para andar. Desde a mais tenra infância, todas as crianças eram ensinadas a usar devidamente as suas muletas para não cair e a cuidar delas para que não se estragassem.
Mas, um dia, um jovem inconformado começou a pensar que seria possível prescindir de tal complemento. E, quando expôs a sua ideia, os anciãos da terra, os seus pais, professores e amigos, todos lhe chamavam louco: ‘Não vês que sem muletas você cairá? Que grande atrevido você é!’ Mas o jovem continuava a pensar no assunto.
Aproximou-se dele um ancião e lhe disse:
– Como podes ir contra a nossa tradição? Durante anos e anos, todos temos andado perfeitamente com esta ajuda. Sentimo-nos mais seguros e fazemos menos esforço com as pernas. É uma grande invenção! Meu amigo, não podes jogar fora todo saber e tradição dos nossos antepassados que nos ensinaram a fazer e utilizar muletas.
Também o seu pai lhe disse:
– Meu filho, já estou cansado e envergonhado com as suas excentricidades. Você só cria problema na família. Se o teu avô e bisavô usaram muletas, por que é que queres ser diferente?
Mas o jovem não desistia de concretizar as suas intenções, até que, um dia, decidiu mesmo deixar as muletas. No princípio, caiu várias vezes, como já o tinham advertido, pois os músculos das pernas estavam atrofiados. Mas, pouco a pouco, foi adquirindo segurança e, passando algum tempo, já corria e saltava livremente e montava a cavalo, sem precisar de muletas.
É mais cômodo e seguro fazer sempre a mesma coisa e da mesma forma — ‘se queres estar seguro, seja mudo, cego e surdo’ — do que tentar algo diferente. Certas pessoas, sobretudo aquelas para quem a rotina diária é intocável, sentem-se incomodadas e perturbadas quando alguém ousa introduzir originalidade e invulgaridade no que pensa, diz e faz. ‘No ousar está o valor e no tardar o temor’, recorda a sabedoria popular.
Relativo à ousadia, Platão, filósofo grego do século 3 a. C., descreve as inscrições que iden-tificavam as três portas de entrada no templo da Sabedoria, em Atenas.
Na primeira, podia-se ler: ‘Sede ousados!’
Na segunda, uma legenda mais imperativa recomendava: ‘Sede ousados, sede sempre ou-sados, sede cada vez mais ousados!’
Na terceira e última porta, reservada a alguns eleitos, estava escrito: ‘Não sejais ousados em demasia!’
Se me tivessem pedido a opinião sobre esta terceira legenda teria proposto: ‘Sede ousados com estratégia!’
A ousadia não é mais do que a concretização de algo claramente definido e decididamente desejado. Nada tem a ver com anarquia ou indisciplina. Assenta, fundamentalmente, na coragem de começar, na persistência de chegar ao fim e na aceitação voluntária de riscos. O ousado manifesta relutância em aceitar a ambiguidade, bem como as restrições vindas de uma autoridade que procura justificar-se e impor-se mais pelas ordens que dá do que pelos serviços que presta.
Se, por um lado, a ousadia pode gerar conflitos, por outro, quando lucidamente utilizada, desenvolve a criatividade e robustece as relações entre as pessoas.”
‘A ideia que não é perigosa não merece ser chamada de ideia” — Oscar Wilde
Amorim Leite
Bem sugestivo!
Gostei do que li. Como disse aquele amigo num encontro casual, que leu em algum lugar e me disse certa vez “não lemos o texto, o texto nos lê”
Como escanear a mente na área de criatividade e depois de gerar o arquivo, desenvolver novas idéias da idéia original.
Minha mente foi lida e escaneada pelo texto!
Parabéns Amorim + uma vez!
Olah